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AÇÃO “CIRCULE UM LIVRO” ESTREIA EM SALVADOR PARA FOMENTAR A LEITURA


Foto: Divulgação


Iniciativa, que dá os primeiros passos na capital baiana, busca parceiros para alcançar o interior do estado


Com o objetivo de incentivar a leitura e promover o acesso a livros em lugares públicos, como estações de metrô, praças e museus, a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) criou, no Rio de Janeiro, o projeto literário "Circule um Livro”.


Além de espalhar conhecimento, a iniciativa visa contribuir para dar maior visibilidade às instituições e autores que trabalham com literatura, bem como incentivar a economia circular.

Na ação, um exemplar que já foi lido por algumas pessoas pode ser repassado a outras, despertando, assim, a conscientização sobre a sustentabilidade do livro físico. Parceira do projeto na Bahia, a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF) pretende trazer a iniciativa para Salvador, aproveitando o apoio da Ibá na produção das peças da campanha, material de divulgação, entre outros, e buscando adequar o projeto à realidade e às características da capital.


Para incentivar a troca, a Abaf e seus parceiros vão munir os displays com uma quantidade mínima de livros durante o período da ação. Além disso, faz parte da campanha a doação de livros pelos times de colaboradores das empresas associadas e pela sociedade em geral.


O Portal A TARDE conversou com o diretor executivo da ABAF, Wilson Andrade, que lembrou como começaram as primeiras ações do projeto. Aproveitando um espaço no metrô de São Paulo, que já tinha um esquema de distribuição de livros, eles expandiram os atendimentos e a variedade de exemplares. Segundo o gestor, no primeiro ano de lançamento, foram distribuídos na cidade cerca de cinco mil livros.


"A campanha foi muito bem recebida pela mídia e pelos consumidores, que passaram a ter a oportunidade de obter um livro a custo zero. Logicamente, se puder haver a troca, ajuda muito esse programa, mas se não, se o indivíduo precisar do livro, ele leva e não tem obrigatoriamente que devolver outro. Pode devolver o mesmo livro sem protocolo, sem registro, na base da boa fé e da boa vontade”.

“A ideia é que a cultura circule. Não adianta ter um livro parado em casa, a não ser determinados livros que tenham a ver com sua profissão, prazer de ler, ou gosto especial. No entanto, a maioria dos livros pode, sem dúvida, entrar em um programa como esse e ser distribuído para que outros tenham oportunidade de obter informação, cultura, saber e orientação que os professores e escritores nos proporcionam, além da experiência de vida dos outros", completou.


Primeiras páginas


A partir dessa experiência, as entidades estaduais vinculadas à Ibá começaram a desenvolver o programa, que já aconteceu no Paraná, Minas Gerais e agora está começando a escrever sua história na Bahia. De acordo com Andrade, a parceria entre o metrô de Salvador e o centro Unijorge, atuando na coleta de livros, já alcançou um número suficiente para começar os trabalhos na capital baiana, com a aquisição de cerca de dois mil exemplares.


"O projeto se inicia com a coleta de livros, e já temos vários parceiros trabalhando nisso. Apoiando o programa da ABAF, a ABI [Associação Bahiana de Imprensa] é uma entidade muito importante, assim como o Sindicato dos Jornalistas da Bahia, o metrô, a Biblioteca Central do Estado da Bahia e a faculdade Unijorge, além de autores independentes. A ideia é envolver entidades como a Associação Comercial, o SENAI e o SESI para ajudar na coleta de livros, enquanto nós contribuímos na distribuição, disseminando cultura e oportunidades naquilo que chamamos de economia circular. Nada deve ser abandonado ou esquecido, e pretendemos, com isso, contribuir para que o mesmo custo traga e leve benefícios para várias pessoas, não apenas uma".

O objetivo da direção do projeto é iniciar em Salvador e, de acordo com as parcerias estabelecidas, expandir o plano para cidades do interior.


"Nossa intenção é criar o máximo possível, mas não faremos isso sozinhos. O projeto crescerá na medida em que tivermos parceiros. Não somos os proprietários exclusivos do programa; estamos cumprindo nossa parte, mas muitos outros podem contribuir. Já temos parceiros interessantes, mas precisamos de mais para expandir. Além disso, não é necessário que os parceiros estejam vinculados ao nosso programa, o ‘Circule um Livro'. Eles podem criar seu próprio programa com o mesmo nome ou com outro, pois não há monopólio no desejo de servir”, esclarece Wilson.

Foto: Divulgação


Demanda na Bahia


Durante a realização da ação, o diretor executivo da ABAF afirmou ter notado um crescimento do interesse do povo brasileiro pelos livros, impulsionado pela cultura e pela formação educacional. Para ele, a base de todo desenvolvimento é o avanço da educação.


"Isso inclui a educação primária, a educação de nível médio e, crucialmente, a educação profissional. Não adianta formarmos um grande número de doutores se, no final, essas pessoas estiverem dirigindo Uber. Cada indivíduo deve buscar o que é melhor para si, mas o sistema educacional do país precisa melhorar significativamente", pontuou.

Segundo Wilson, a Bahia ainda tem muito a avançar quanto ao incentivo à leitura.


"Nossos índices de qualidade da educação precisam evoluir. Todo esse processo está interligado com a cultura, e a cultura, por sua vez, está ligada ao acesso. Portanto, o caminho é atender à demanda pelo conhecimento presente nos livros, a busca pelo prazer de ler obras de arte, seja poesia, contos, histórias ou romances. Isso, sem dúvida, se desenvolve de acordo com o nível educacional das pessoas. Devemos apoiar programas como esse porque a cultura e o desejo de conhecimento atraem alunos, independentemente da idade, incentivando a busca por mais conhecimento e formação escolar. Aprender a ler não é apenas decifrar palavras, mas compreender o que se lê".

Falando em demanda, o diretor analisa com cuidado os dois mercados de livros impressos e digitais, que parecem entrar em concorrência. Ele afirma enxergar em ambos uma tendência de crescimento permanente, apesar da preferência crescente de muitos pela leitura na internet ou no computador.


"Embora seja comum ler no celular e em outros dispositivos, pesquisas indicam que é mais prazeroso e benéfico para a memória e aprendizado ler em um livro impresso do que na internet, por diversas razões. Isso inclui o conforto de não ler em uma telinha pequena de celular para evitar problemas de visão, além da possibilidade de fazer anotações em livros físicos. No entanto, os livros estão sendo comprados cada vez mais pela internet, não apenas os digitais, mas também os impressos. Durante a pandemia, observamos um aumento na demanda por cultura, conhecimento e informação, resultando em mais leitura, pois as pessoas tinham mais tempo em casa. Aqueles que não estavam sempre trabalhando online tinham mais tempo para pesquisar, ler e relaxar. Nesse período, tanto o livro impresso quanto o digital obtiveram crescimento. No entanto, é importante notar que as vendas das livrarias estão enfrentando desafios devido à concorrência."

Foto: Divulgação

Para Wilson Andrade, há uma visão equivocada de que o papel polui ou não é ambientalmente favorável. Ele afirma que o livro e o papel no Brasil são reciclados, podendo passar por múltiplas reciclagens ou provêm de florestas plantadas especificamente para esse fim.


"São plantações de pinhos, eucaliptos e outras variedades que são cultivadas e colhidas. Não se trata de cortar árvores, é um processo de colheita. Assim como se planta batatas, abóboras, melancias, soja e milho, também se planta árvores, escolhendo e replantando no mesmo local, na mesma área. Com isso, conseguimos aumentar a produtividade continuamente. Portanto, a madeira utilizada na produção de livros no Brasil, quando não reciclada, provém de madeira certificada e controlada, que não prejudica o meio ambiente de forma alguma", afirmou.

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